sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Resenha: Adeus professor, adeus professora? (Livro, Libâneo)

Por Yani Saionara,

“Adeus professor, adeus professora?” nos proporciona uma visão sobre o papel dos professores e a função da escola numa dada sociedade. E ainda, o saber analisar as novas exigências educacionais em relação ao trabalho do docente.
José Carlos Libâneo nasceu em Angatuba, Estado de São Paulo, em 1945. Fez seus estudos de graduação e pós-graduação na PUC-SP, onde obteve seu título de doutor em Filosofia e História da Educação em 1990. Em São Paulo, em 1972, foi diretor de uma escola pública experimental (GEPE II), professor de instituições de ensino superior e colaborador em projetos da Secretaria da Educação (estadual e estadual). Em Goiânia, desde 1973, exerceu funções na Secretaria da Educação estadual, onde fundou e dirigiu por três anos o Centro de Formação de Professores. Foi professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, tendo coordenado por quatro anos o Mestrado em Educação. Atualmente é professor titular da Universidade Católica de Goiás, onde é vice-coordenador do Mestrado em Educação. Escreveu seis livros, entre eles “Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente”, é também, co-autor em treze livros, pesquisa e publica artigos em revistas especializadas.
De acordo com a opinião da humanidade “os professores tem por obrigação formar cidadãos apenas para o mercado de trabalho", mas Libâneo vem propor a quebra deste pensamento, pois, na modernidade em que nos encontramos esta obrigação do educador não é mais valida. A recíproca é valida para a escola,
“[...] por mais que a escola básica seja afetada nas suas funções, na sua estrutura organizacional, nos seus conteúdos e métodos, ela mantém-se como instituição necessária à democratização da sociedade.
A escola com que sonhamos é aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações: a cultura provida pela ciência, pela técnica, pela estética, pela ética, bem como pela cultura paralela (meios de comunicação de massa) e pela cultura cotidiana”. (Libâneo, 2004, p.7)
Para os futuros professores que estarão nas salas de aulas futuramente seria interessante formarem cidadãos participantes em todas as instâncias da vida social atual, assim,
“[...] implicaria a articulação com os objetivos convencionais da escola – transmissão-assimilação ativa dos conteúdos escolares, desenvolvimento do pensamento autônomo, crítico e criativo, formação de qualidades morais, atitudes, convicções – às exigências postas pela sociedade comunicacional, informática e globalizada: maior competência reflexiva, interação crítica com as mídias e multimídias, conjunção da escola com outros universos culturais, conhecimento e uso da informática [...]”. (Libâneo, 2004, p.8)
Vale ressaltar que os professores devem ter senso crítico, ou seja, devem discordar de algumas tarefas da educação escolar. E ainda, devem mudar suas atitudes diante da rigidez da organização disciplinar implicando a compreensão a prática da interdisciplinaridade em três sentidos: atitude, como forma de organização administrativa e pedagógica da escola, como prática curricular.



“A atitude interdisciplinar, significa não só eliminar as barreiras entre as disciplinas, mas também as barreiras entre as pessoas, de modo que os profissionais da escola busquem alternativas para que se conhecerem mais e melhor, troquem experiências entre si, tenham humildade diante da limitação do próprio saber”. (Libâneo apud Fazenda, 2004, p. 32)
“A organização escolar interdisciplinar é um modo de efetivar a atitude interdisciplinar e se expressa na elaboração coletiva do projeto pedagógico e nas práticas de organização e gestão da escola. [...] É uma prática organizacional nova eu possibilitará a intercomunicação de saberes, atitudes, valores, fulcos da interdisciplinaridade”. (Libâneo, 2004, p.33)
“Já a prática curricular [...] viabiliza a reunião de disciplinas cujos conteúdos permitem tratamento pedagógico-didático interdisciplinar, [...], temas geradores que possibilitem a compreensão mais globalizante da realidade por meio da contribuição de várias disciplinas.” (Libâneo, 2004, p.33-34)

A globalização está nos fazendo caminhar a robótica, uma maneira de “facilitação” do trabalho humano, e isso interfere na educação, pois, há probabilidades de substituição do professor por mecanismos informatizados. Ao contrário, estes mecanismos deveriam ser inseridos na prática pedagógica do docente apenas como ferramentas opcionais.
No entanto, observa-se a exclusão dos educadores nas discussões educacionais, os quais deveriam ser mais participativos nas discussões educacionais, pois são os profissionais que estão diretamente envolvidos com os processos e resultados da aprendizagem escolar, sabem dizer com exatidão o melhor para a educação que é imposta em sala de aula. Porém são os especialistas quem decidem o futuro da nova geração da sociedade, mas eles apenas detêm uma visão holística e não posteriori.
Uma forma de contornarmos a situação da educação é repensar em nossas estratégias metodológicas para com o aluno, pois são eles quem constrói epistemologicamente nossa sociedade. São eles a quem precisamos estimular o senso crítico das coisas, o qual os proporcionará um conhecimento intelectual maior. E uma das formas de trabalharmos esta construção de conhecimento é através da
“[...] atitude interdisciplinar que requer uma mudança conceitual no pensamento e na prática docente, pois seus alunos não conseguirão pensar interdisciplinarmente se o professor lhes oferecer um saber fragmentado e descontextualizado”.
Logo,
“Diante dessas exigências, a escola precisa oferecer serviços de qualidade e um produto de qualidade, de modo que os alunos que passem por ela ganhem melhores e mais efetivas condições de exercício da liberdade política e intelectual. É este o desafio que se põe à educação escolar neste final de século
Para isso, professores são necessários, sim. Todavia, novas exigências educacionais pedem às universidades e cursos de formação para o magistério um professor capaz de ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação. [...] É preciso resgatar a profissionalidade do professor, reconfigurar as características de sua profissão na busca da identidade profissional”. (Libâneo, 2004, p. 10)



Bibligrafia:
LIBÂNEO, José Carlos
Adeus professor, adeus professora? : Novas exigências educacionais e profissão docente / José Carlos Libâneo. – 8. ed.- São Paulo : Cortez, 2004. – (Coleção Questões da Nossa Época; v.67).

Nenhum comentário: