sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Como transferir o conhecimento adquirido no computador para outras áreas do currículo ?

Não podemos contar que a transferência ocorra automaticamente; ela precisa ser trabalhada.
É necessário que o aluno explore cada contexto.
Isto significa desenvolver intuições,hipóteses e verificá-las.
Para facilitar essa transferência, o professor deve destacar os princípios comuns entre contextos, comparando-os, mostrando o problema de diferentes perspectivas .


By: Vera Lúcia Camara Zacharias é mestre em Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do CRE.

O computador em sala de aula

Há alguma real utilidade no uso do computador na escola ? Como relacionar o conhecimento adquirido no computador à sala de aula ?

Muito se tem escrito sobre a informática na escola, mas há pouco consenso entre os diversos autores e educadores sobre o valor do uso dessa tecnologia em relação aos ganhos que ele pode trazer aos nossos alunos.
Muitos ainda acreditam que a computação irá criar uma revolução na educação, o que não está acontecendo, como já podemos constatar. As chances de mudar apenas por possuir computadores nas escolas, é quase nula. O que está em foco, e precisa ser entendido é a utilização que vai ser dada à máquina.
Em um bom número de escolas o aprendizado de português, matemática, ou de qualquer outro componente curricular, que é seu objetivo primordial, fica quase que esquecido pelo uso de programas, que por serem divertidos, entusiasmam os alunos, enquanto na realidade, estão apenas aprendendo a manipular o computador.
O marketing realizado em torno do ensino utilizando computadores tem criado expectativas que muitas vezes desvirtuam o projeto pedagógico da escola, quando esta passa a querer atender a pais que desejam que os filhos sejam profissionalizados em computação, por meio da escola.
No entanto, a informática quanto adotada nas escolas deve se integrar ao currículo, não como uma disciplina, mas como uma ferramenta, inclusive, multidisciplinar, constituindo-se em alguma coisa a mais que o professor pode contar para bem realizar o seu trabalho; desenvolvendo atividades que levem a uma reflexão sobre qual a melhor forma de empregar seus recursos, analisando as características de cada disciplina; realizando a imprescindível interação entre as diversas disciplinas e os recursos da informática. Quando utilizada desta maneira na escola, ou seja, a informática a serviço de um projeto educacional, propicia condições aos alunos de trabalharem a partir de temas, projetos ou atividades, surgidos no contexto da sala de aula. Em decorrência dessas situações os alunos podem contar com a interatividade e a programabilidade possibilitada pelo computador.
Assim, nossa preocupação fundamental é a com o desenvolvimento de valores, com a concepção que temos das finalidades da educação e da convicção de que necessitamos formar um indivíduo com a inteligência desenvolvida, com cultura, flexível, crítico e criativo. A informática pode fazer parte desse universo, mas não pode ser encarada como um objetivo por si própria.
O computador, como o livro ou qualquer outro material didático que usamos, é apenas e tão somente: um meio.
" Informação não é conhecimento. Você pode produzir dados primários em massa e incríveis quantidades de fatos e números. Mas não pode fazer produção em massa de conhecimento, que é criado por mentes individuais, separando o significativo do irrelevante, realizando julgamentos de valor. Theodore Roszak, autor do livro `O Culto da Informação´".
Entendemos que qualquer instrumento de ensino, desde o mais simples até o mais altamente elaborado, depende de quem o usa e de como isso é feito. Cabe ao professor a responsabilidade de diversificar a abordagem de seu componente curricular.
A nossa proposta para o uso do computador encontra-se no contexto das mudanças e evoluções ocorridas na sociedade.
A escola não pode deixar de incorporar as novas transformações, intervindo para sistematizar a integração de todos os recursos pedagógicos e usando o que de melhor cada um tem para oferecer.



Leia mais:
http://www.clicfilhos.com.br/site/display_materia.jsp?titulo=O+computador+na+sala+de+aula

Você sabia que pode-se inserir a informática na química? Mas como isso ocorre?Estas são algumas perguntas que são consideradas como start no texto a seguir:


"Em certas áreas, como a Química, a prática de ensino pode ser favorecida pela experimentação como ferramenta instrucional. A aprendizagem de muitos conceitos químicos é favorecida quando ocorre abordagem experimental. Este aspecto deve ser aproveitado como agente facilitador da interação professor-aluno embora represente dificuldades de ordem material que tornam a experimentação proibitiva em escolas com poucos recursos. É importante avaliar como a utilização do computador pode contribuir no processo educacional já que, na tentativa de contextualizar a teoria e a prática no ensino de Química, a utilização de recursos computacionais nas aulas pode representar uma alternativa viável 1. Um tipo de programa de informática que pode ser usado com fins didáticos é representado pelos programas de simulação que permitem destacar aspectos específicos do conteúdo abordado e orientar a tomada de decisões em experimentos, situação que favorece muito a compreensão dos conceitos químicos.Pretende-se relatar neste trabalho, a experiência da utilização de programas de informática no ensino médio de uma escola pública de periferia. Considerando o aspecto instrucional do uso do computador no ensino de Química, foi utilizado um programa de computador, o Model ChemLab 2, para simular as atividades experimentais de aulas práticas em um “laboratório virtual”. Este programa é um produto comercial de baixo custo, que requer configurações pouco sofisticadas e algumas adaptações para o idioma português. Outro aspecto direcionador da proposta de utilização deste recurso didático visou atender a necessidade de proporcionar uma mínima noção de informática a estudantes de escolas públicas.O projeto foi aplicado em uma escola pública de ensino médio da periferia de Campinas - SP, durante 1999. O nível de conhecimento na área de informática dos 3 professores de Química e de 353 alunos de 13 turmas das 3 séries do ensino médio nos 3 períodos foi avaliado através de questionários que direcionaram a criação de apostilas e manuais para orientação dos usuários e a criação de novas simulações de experimentos no ChemLab. Foi realizado um treinamento rápido, porém considerado suficiente pelos professores participantes, para familiarização com o programa e habilitação para o desenvolvimento da atividade em condições satisfatórias. Detectou-se que poucos estudantes já haviam utilizado um computador e que a maioria absoluta tinha interesse em participar da atividade didática de Química usando computador tendo em vista a oportunidade de receber treinamento em informática mas estavam totalmente conscientes do objetivo maior, que era aprender Química com mais esta ferramenta instrucional.A adaptação do "ChemLab" envolveu a criação de textos em português, levando em consideração as dificuldades dos alunos e professores, que foram detectadas nos questionários respondidos previamente. O conteúdo das novas experiências simuladas foi criado a partir do conteúdo das apostilas utilizadas como material didático de apoio das aulas. Desta forma, a proposta pode ser inserida no ambiente de sala de aula sem interferir no ritmo de aulas programado no planejamento escolar. A interferência era indesejada por representar eventuais prejuízos para a disciplina e por dissociar a proposta da realidade do processo de ensino/aprendizagem do objeto da pesquisa.A escola onde a proposta foi aplicada tinha disponível para atividades didáticas apenas um microcomputador, modelo Pentium, localizado no laboratório onde aconteciam atividades práticas relacionadas às disciplinas de Química e Física. O microcomputador disponível foi adequadamente suficiente para a utilização do programa, aprimorado pela adaptação de um conversor para exibição do conteúdo do monitor do micro-computador na tela de uma televisão de 29 ". As aulas foram organizadas seguindo o cronograma inicial estabelecido no planejamento escolar. Optou-se pela utilização do programa paralelamente às aulas com atividades práticas. Para manter o rendimento dessas aulas, tendo em vista inclusive a infra-estrutura disponível, as classes constituídas em média por 40 alunos foram organizadas em grupos de 5 integrantes, garantindo o acesso de todos os alunos ao computador, enquanto os demais acompanhavam a atividade assistindo a televisão. Ao todo, 120 estudantes de 3 turmas da 2a série noturna utilizaram o programa.Os resultados obtidos com a introdução do material desenvolvido foram excelentes, segundo relato do responsável pela disciplina de Química, tendo sido detectado considerável ganho no rendimento das aulas, no interesse dos alunos e melhora no desempenho geral dos alunos na avaliação bimestral realizada em aula. As respostas ao questionário aplicado aos estudantes após a realização das atividades foram muito positivas (sempre mais de 90% com respostas de aprovação à experiência), tanto no que diz respeito ao aprimoramento do ensino de Química como também na introdução da informática na escola. Neste aspecto, vale destacar que a atividade foi muito valorizada e bem recebida pelos estudantes envolvidos, dos quais 85% nunca haviam utilizado recursos de informática ou microcomputador e tinham essa expectativa até tendo em vista uma possível valorização profissional.Pode-se notar que a utilização de computadores em aulas de Química no ensino médio é viável considerando-se o conteúdo da disciplina, a capacitação de professores e a adequação dos recursos de informática disponíveis. Os resultados da introdução didática dos recursos de informática desta proposta foram muito positivos mesmo em condições materiais pouco favoráveis, comuns nas escolas públicas. Isto estimula novas iniciativas viáveis que não envolvem altos custos e respondem a expectativas dos estudantes que merecem ser atendidos sendo que a participação dos professores, após breve treinamento, é fundamental para que bons resultados possam ser alcançados e deve ser encorajada para benefício de todos.


C.M.S. Braga; VII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação; p. 151 (1996)

Resenha: Adeus professor, adeus professora? (Livro, Libâneo)

Por Yani Saionara,

“Adeus professor, adeus professora?” nos proporciona uma visão sobre o papel dos professores e a função da escola numa dada sociedade. E ainda, o saber analisar as novas exigências educacionais em relação ao trabalho do docente.
José Carlos Libâneo nasceu em Angatuba, Estado de São Paulo, em 1945. Fez seus estudos de graduação e pós-graduação na PUC-SP, onde obteve seu título de doutor em Filosofia e História da Educação em 1990. Em São Paulo, em 1972, foi diretor de uma escola pública experimental (GEPE II), professor de instituições de ensino superior e colaborador em projetos da Secretaria da Educação (estadual e estadual). Em Goiânia, desde 1973, exerceu funções na Secretaria da Educação estadual, onde fundou e dirigiu por três anos o Centro de Formação de Professores. Foi professor titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, tendo coordenado por quatro anos o Mestrado em Educação. Atualmente é professor titular da Universidade Católica de Goiás, onde é vice-coordenador do Mestrado em Educação. Escreveu seis livros, entre eles “Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente”, é também, co-autor em treze livros, pesquisa e publica artigos em revistas especializadas.
De acordo com a opinião da humanidade “os professores tem por obrigação formar cidadãos apenas para o mercado de trabalho", mas Libâneo vem propor a quebra deste pensamento, pois, na modernidade em que nos encontramos esta obrigação do educador não é mais valida. A recíproca é valida para a escola,
“[...] por mais que a escola básica seja afetada nas suas funções, na sua estrutura organizacional, nos seus conteúdos e métodos, ela mantém-se como instituição necessária à democratização da sociedade.
A escola com que sonhamos é aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações: a cultura provida pela ciência, pela técnica, pela estética, pela ética, bem como pela cultura paralela (meios de comunicação de massa) e pela cultura cotidiana”. (Libâneo, 2004, p.7)
Para os futuros professores que estarão nas salas de aulas futuramente seria interessante formarem cidadãos participantes em todas as instâncias da vida social atual, assim,
“[...] implicaria a articulação com os objetivos convencionais da escola – transmissão-assimilação ativa dos conteúdos escolares, desenvolvimento do pensamento autônomo, crítico e criativo, formação de qualidades morais, atitudes, convicções – às exigências postas pela sociedade comunicacional, informática e globalizada: maior competência reflexiva, interação crítica com as mídias e multimídias, conjunção da escola com outros universos culturais, conhecimento e uso da informática [...]”. (Libâneo, 2004, p.8)
Vale ressaltar que os professores devem ter senso crítico, ou seja, devem discordar de algumas tarefas da educação escolar. E ainda, devem mudar suas atitudes diante da rigidez da organização disciplinar implicando a compreensão a prática da interdisciplinaridade em três sentidos: atitude, como forma de organização administrativa e pedagógica da escola, como prática curricular.



“A atitude interdisciplinar, significa não só eliminar as barreiras entre as disciplinas, mas também as barreiras entre as pessoas, de modo que os profissionais da escola busquem alternativas para que se conhecerem mais e melhor, troquem experiências entre si, tenham humildade diante da limitação do próprio saber”. (Libâneo apud Fazenda, 2004, p. 32)
“A organização escolar interdisciplinar é um modo de efetivar a atitude interdisciplinar e se expressa na elaboração coletiva do projeto pedagógico e nas práticas de organização e gestão da escola. [...] É uma prática organizacional nova eu possibilitará a intercomunicação de saberes, atitudes, valores, fulcos da interdisciplinaridade”. (Libâneo, 2004, p.33)
“Já a prática curricular [...] viabiliza a reunião de disciplinas cujos conteúdos permitem tratamento pedagógico-didático interdisciplinar, [...], temas geradores que possibilitem a compreensão mais globalizante da realidade por meio da contribuição de várias disciplinas.” (Libâneo, 2004, p.33-34)

A globalização está nos fazendo caminhar a robótica, uma maneira de “facilitação” do trabalho humano, e isso interfere na educação, pois, há probabilidades de substituição do professor por mecanismos informatizados. Ao contrário, estes mecanismos deveriam ser inseridos na prática pedagógica do docente apenas como ferramentas opcionais.
No entanto, observa-se a exclusão dos educadores nas discussões educacionais, os quais deveriam ser mais participativos nas discussões educacionais, pois são os profissionais que estão diretamente envolvidos com os processos e resultados da aprendizagem escolar, sabem dizer com exatidão o melhor para a educação que é imposta em sala de aula. Porém são os especialistas quem decidem o futuro da nova geração da sociedade, mas eles apenas detêm uma visão holística e não posteriori.
Uma forma de contornarmos a situação da educação é repensar em nossas estratégias metodológicas para com o aluno, pois são eles quem constrói epistemologicamente nossa sociedade. São eles a quem precisamos estimular o senso crítico das coisas, o qual os proporcionará um conhecimento intelectual maior. E uma das formas de trabalharmos esta construção de conhecimento é através da
“[...] atitude interdisciplinar que requer uma mudança conceitual no pensamento e na prática docente, pois seus alunos não conseguirão pensar interdisciplinarmente se o professor lhes oferecer um saber fragmentado e descontextualizado”.
Logo,
“Diante dessas exigências, a escola precisa oferecer serviços de qualidade e um produto de qualidade, de modo que os alunos que passem por ela ganhem melhores e mais efetivas condições de exercício da liberdade política e intelectual. É este o desafio que se põe à educação escolar neste final de século
Para isso, professores são necessários, sim. Todavia, novas exigências educacionais pedem às universidades e cursos de formação para o magistério um professor capaz de ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação. [...] É preciso resgatar a profissionalidade do professor, reconfigurar as características de sua profissão na busca da identidade profissional”. (Libâneo, 2004, p. 10)



Bibligrafia:
LIBÂNEO, José Carlos
Adeus professor, adeus professora? : Novas exigências educacionais e profissão docente / José Carlos Libâneo. – 8. ed.- São Paulo : Cortez, 2004. – (Coleção Questões da Nossa Época; v.67).